Ambientes multigatos apresentam uma série de desafios que precisam ser considerados pelos tutores para que seja possível uma convivência feliz e saudável entre todos os gatos e a família.
Abaixo citamos os principais aspectos cuja abordagem se faz necessária em casas com dois ou mais felinos:
- Introdução de um novo gato: deve ser sempre realizada de forma lenta, estruturada e assistida, ao longo de vários dias ou semanas, para que haja tempo suficiente para que os animais se adaptem e criem tolerância uns com os outros, minimizando os conflitos;
- Setorização dos ambientes: gatos são animais muito metódicos e as áreas de alimentação, descanso, higiene e brincadeiras devem ter uma distância entre si para que não causem desconforto e estresse entre os animais;
- Disponibilidade de espaço e recursos: a competição por espaço e recursos pode levar a conflitos territoriais, pois os gatos têm áreas que consideram suas e quando essas áreas estão em disputa pode haver tensões que se manifestam em comportamentos indesejados e estresse. É sempre importante lembrar da regra do “número de gatos +1” para disponibilizar recursos como comedouros, caixas de areia, brinquedos, bebedouros, etc. Ou seja, se existem três gatos na casa serão necessárias quatro unidades de cada um desses recursos para atender adequadamente todos os gatos;
- Higiene: gatos são animais muito limpos e eles gostam que tanto o ambiente quanto caixas de areia, comedouros e bebedouros sejam mantidos limpos. Por isso, numa casa multigatos os cuidados com higiene devem ser redobrados para garantir a saúde e o bem-estar de todos;
- Adaptação do ambiente (gatificação): como os gatos são animais arborícolas, ou seja, que originalmente passavam boa parte do tempo em cima de árvores, eles precisam de enriquecimento com ambientes verticalizados e com disponibilidade de tocas, arranhadores e móveis adaptados para que possam expressar seus comportamentos naturais de forma equilibrada;
- Alimentação: diversos problemas podem ocorrer em termos alimentares. Se houver disputa pelos alimentos, poderemos ter gatos comendo demais e outros comendo de menos. Além disso, um dos maiores desafios em lares com dois ou mais gatos é a introdução de uma dieta específica para um gato com uma necessidade diferenciada. Nesses casos, o tutor precisa discutir com o veterinário qual a melhor forma de conseguir realizar manejos alimentares individualizados entre os gatos da casa;
- Controle de doenças: é essencial que antes de se introduzir um novo gato na casa, esse animal passe por consulta veterinária para um check up geral e para que seja testado para doenças infecciosas como FIV e FELV. Além disso, esse novo gato precisa estar vermifugado, vacinado e ter recebido medicação para eliminação de pulgas e outros ectoparasitas para que ele não seja o vetor de doenças para os animais que já já vivem na casa;
- Monitoramento de comportamento e saúde: em casa multigatos é mais desafiador identificar gatos que começam a apresentar algum problema de saúde. Por isso, o tutor precisa sempre ter um olhar atento ao comportamento dos animais de forma individualizada, bem como ter atenção caso encontre fezes ou urina com alterações para que o animal doente seja rapidamente identificado e possa receber os cuidados veterinários necessários.
Gerenciar as diferentes demandas em lares multigatos é um desafio complexo que envolve conhecimento sobre as necessidades individuais e o comportamento social dos felinos. Os tutores desempenham um papel crucial em criar um ambiente saudável e equilibrado, que minimize conflitos e promova a saúde física e emocional de seus gatos. Com uma abordagem responsável e bem orientada é possível otimizar a saúde e o bem-estar de todos os felinos que compartilham o lar.
Por Luciana Domingues de Oliveira – Médica Veterinária